A Ordem Unida é uma prática fundamental dentro dos clubes de Desbravadores. Mais do que uma simples sequência de movimentos coordenados, a Ordem Unida representa disciplina, organização e um método eficaz de desenvolver a coesão e o espírito de equipe entre os jovens. .
Definição de Ordem Unida
A Ordem Unida pode ser definida como um conjunto de procedimentos e exercícios específicos, padronizados, enérgicos e marciais, que visam proporcionar um melhor controle sobre um grupo de pessoas, estejam estas paradas, em movimento ou em apresentações. A sua prática regular permite que os desbravadores se apresentem e se desloquem de forma harmoniosa e disciplinada, em quaisquer circunstâncias. Este controle é essencial tanto para a eficácia das atividades internas do clube quanto para a imagem que o clube projeta ao público durante desfiles e eventos.
Objetivos da Ordem Unida
Os objetivos da Ordem Unida são múltiplos e variam desde o desenvolvimento pessoal até a apresentação pública. Podemos dividir os principais objetivos em três categorias principais:
Ordem e Disciplina: A prática da Ordem Unida visa incutir nos desbravadores um sentido profundo de ordem e disciplina. Isso é fundamental para a formação de jovens responsáveis e capazes de seguir comandos de forma precisa e rápida.
Desenvolvimento Pessoal: A Ordem Unida também é uma ferramenta para o desenvolvimento de habilidades pessoais importantes, como a atenção, os reflexos, a amizade e a cooperação. Ao aprender e praticar a Ordem Unida, os desbravadores aprimoram a coordenação motora e a capacidade de trabalhar em equipe.
Apresentação Pública: Um dos objetivos mais visíveis da Ordem Unida é permitir que os desbravadores participem de desfiles e paradas de maneira organizada e elegante. Isso não só fortalece o espírito de equipe, mas também serve como um testemunho público dos valores e da organização do clube.
Conceitos Básicos
Para a execução adequada da Ordem Unida, é essencial que todos os desbravadores compreendam os conceitos básicos associados aos movimentos e às formações. Aqui estão os principais conceitos:
Formação: Refere-se à disposição dos desbravadores em linha ou em coluna. Por exemplo, uma formação por quatro consiste em quatro colunas de desbravadores.
Linha: Quando os desbravadores estão dispostos lado a lado, formando uma linha reta.
Fileira: Semelhante à linha, mas com a ênfase na orientação dos desbravadores em uma linha horizontal, todos voltados para o mesmo ponto.
Intervalo: O espaço entre dois desbravadores na mesma fileira.
Coluna: Quando os desbravadores estão dispostos um atrás do outro, formando uma coluna.
Cobertura: O espaço entre dois desbravadores em uma coluna, onde estes estão um atrás do outro.
Testa: Os desbravadores que estão na primeira fileira de uma formação.
Alinhamento: A disposição reta dos desbravadores, todos voltados na mesma direção, lado a lado.
Cadência: A sucessão harmoniosa de sons e movimentos, determinada pelo homem-base.
Homem-base: O desbravador que serve de referência para todos os comandos de Ordem Unida. Geralmente, é o desbravador na testa da coluna da direita.
Retaguarda ou Cauda: A última fileira de desbravadores em uma formação.
Comandos e Vozes de Comando
Os comandos na Ordem Unida são cruciais para garantir que os movimentos sejam executados de forma sincronizada e precisa. Existem diferentes tipos de comandos, cada um com uma função específica:
Voz de Advertência: É um alerta dado ao grupo para prepará-lo para o comando que será anunciado. Por exemplo, “Atenção, Clube!”
Comando Propriamente Dito: Indica o movimento que deve ser realizado pelos desbravadores. Por exemplo, “Direita… Esquerda… Meia Volta… Ordinário…”
Voz de Execução: Determina o exato momento em que o movimento deve começar ou cessar. A entonação da sílaba tônica deve ser clara e enérgica. Por exemplo, “Vol-ver”, “Des-can-sar”, “Co-brir”.
Os comandos podem ser dados de diferentes maneiras, dependendo da situação e da necessidade:
Voz: É a maneira mais comum e permite uma execução simultânea e imediata dos comandos.
Apito: Utilizado com silvos longos e curtos, sendo que os longos servem como advertência e os curtos como execução.
Corneta: Requer maior tempo de ensaio e atenção. Baseia-se nos toques das forças armadas.
Gestos: Utilizados quando a voz não é suficiente, como em situações de grande distância ou ruído.
Comandos a Pé Firme
Os comandos a pé firme são aqueles que mantêm os desbravadores parados em posição. Esses comandos são fundamentais para a formação e o alinhamento correto dos desbravadores. Alguns dos principais comandos a pé firme incluem:
Sentido: O desbravador fica imóvel, em silêncio, olhando para frente. Os calcanhares se unem com o bater do calcanhar direito e as mãos batidas na coxa. As pontas dos pés ficam abertas em 45º, as mãos espalmadas na altura das coxas, os braços levemente dobrados com os cotovelos na direção do corpo. O busto deve estar aprumado e a cabeça e os ombros erguidos. Esta posição é a base de todas as outras na Ordem Unida.
Descansar: Este comando só pode ser dado a partir da posição Sentido. O desbravador move e bate o pé esquerdo para o lado, mantendo o corpo confortavelmente distribuído entre os dois pés distanciados à mesma distância entre um ombro e o outro. Simultaneamente, a mão esquerda segura a mão direita fechada na altura da cintura. O desbravador permanece em silêncio e em forma. Esta é a posição usada para entrar em forma.
À Vontade: A partir da posição Descansar, o desbravador pode falar e se mexer, mantendo a posição do pé direito como base.
Cobrir: A partir da posição Sentido, todos estendem o braço esquerdo para frente, exceto a testa, que o estende para o lado. O braço estendido deve estar à altura do ombro do desbravador, independentemente do tamanho do desbravador à frente ou ao lado. A palma da mão deve estar para baixo. Este comando é usado para acertar o alinhamento e a cobertura. A contra-ordem é Firme, onde o desbravador abaixa o braço e volta à posição de Sentido.
Movimentos em Marcha
A Ordem Unida também inclui vários comandos de marcha, que permitem que os desbravadores se desloquem de forma organizada e sincronizada. Alguns dos principais comandos de marcha incluem:
Marche: É a voz de execução para os comandos em marcha. Pode ser precedida pelo tipo de passo (Ordinário, Acelerado, Sem Cadência) ou pela direção a seguir (Direção à Direita, Direção à Esquerda).
Sem Cadência: Após o comando Marche, os desbravadores rompem com o pé esquerdo, mas não precisam marchar com marcação de passo. Devem apenas manter-se alinhados e em formação.
Acelerado: Após o comando Acelerado, o grupo responde com “Rá” e flexiona os antebraços à altura dos cotovelos. Depois, dá-se o comando Marche e o grupo rompe marcha em ritmo acelerado, mantendo a cadência e o alinhamento.
Ordinário: Após o comando Marche, o grupo rompe marcha (sempre com o pé esquerdo) e mantém uma cadência em ritmo de passo normal, com postura marcial, batendo os pés no chão com força. Os braços devem fazer um movimento acompanhando o movimento do corpo, com as mãos espalmadas e os dedos unidos, chegando à altura do cinto.
Voltas em Marcha
As voltas em marcha são essenciais para mudar a direção do grupo de desbravadores de forma organizada. Alguns dos principais comandos de voltas incluem:
Direita/Esquerda Volver: Após o comando Volver, o desbravador volta-se para o lado indicado (direita ou esquerda) a um ângulo de 90º, sobre o calcanhar do pé correspondente e a planta do outro pé. Terminando o movimento, o desbravador assenta a planta do pé no solo e une o outro pé, batendo energicamente os calcanhares.
Meia Volta Volver: Após o comando Volver, o desbravador volta-se para o lado indicado a um ângulo de 180º, sobre o calcanhar do pé correspondente e a planta do outro pé. Terminando o movimento, o desbravador assenta a planta do pé no solo e une o outro pé, batendo energicamente os calcanhares.
Oitavo à Direita/Esquerda Volver: Após o comando Volver, o desbravador volta-se para o lado indicado a um ângulo de 45º, sobre o calcanhar do pé correspondente e a planta do outro pé. Terminando o movimento, o desbravador assenta a planta do pé no solo e une o outro pé, batendo energicamente os calcanhares.
Evoluções
As evoluções são movimentos coreografados que os desbravadores realizam durante desfiles ou apresentações, demonstrando habilidade, coordenação e disciplina. Elas são uma forma avançada de Ordem Unida que incorpora elementos de criatividade e expressão do grupo. Segundo o Manual de Ordem Unida, as evoluções possuem características específicas:
Criatividade do Instrutor: Não existem normas rígidas para as evoluções, sendo estas o resultado da criatividade do instrutor e do treino e empenho dos desbravadores. As evoluções devem respeitar as regras básicas da Ordem Unida para não afetar a aprendizagem de novos membros e para evitar confusão entre os espectadores.
Coordenação e Harmonia: As evoluções requerem um alto nível de coordenação entre os membros do grupo. Elas são executadas para mostrar a união e a eficiência do clube, bem como a habilidade de seguir comandos complexos com precisão.
Desempenho Público: Durante desfiles e paradas, as evoluções servem como um testemunho público da organização e disciplina do clube. Elas também ajudam a elevar o moral dos desbravadores e a fortalecer o espírito de equipe.
Comandos com Apitos
Os comandos por apitos são uma forma de comunicação essencial durante as práticas de Ordem Unida e em situações onde a voz do instrutor pode não ser suficiente para ser ouvida por todo o grupo. Estes comandos utilizam uma série de silvos longos e curtos para transmitir diferentes ordens.
Estrutura dos Comandos por Apito: Os comandos por meio de apitos são dados mediante o emprego de silvos longos e curtos. Os silvos longos servem como advertência, enquanto os silvos curtos são usados para a execução dos comandos.
Exemplos de Comandos:
Atenção (Silvo Longo): Um silvo longo alerta os desbravadores para ficarem prontos para o próximo comando.
Ordinário, Marche (Silvo Longo + Silvo Curto): Um silvo longo seguido de um silvo curto indica que os desbravadores devem começar a marcha ordinária.
Alto (Silvo Longo + Silvo Curto): Este comando é similar ao anterior, indicando que os desbravadores devem parar de marchar.
Apressar Passo: Vários silvos curtos repetidos indicam que os desbravadores devem acelerar o passo.
Sem Cadência: Dois silvos curtos indicam que a marcha deve continuar sem cadência marcada.
Passo de Estrada (Três Silvos Longos): Este comando permite que os desbravadores marche com maior liberdade de passo.
Importância dos Comandos por Apito
Clareza e Precisão: Os apitos permitem uma comunicação clara e precisa, crucial em ambientes ruidosos ou em desfiles ao ar livre onde a voz do instrutor pode não ser ouvida claramente.
Coordenação em Movimento: Durante marchas e evoluções, os comandos por apito ajudam a manter a cadência e a sincronia do grupo, garantindo que todos os desbravadores executem os movimentos ao mesmo tempo.
Flexibilidade de Comando: Os apitos são especialmente úteis para comandar grandes grupos de desbravadores e garantir que as ordens sejam executadas de forma simultânea e eficaz.
Considerações Finais
O ensino da Ordem Unida para novos desbravadores deve ser feito inicialmente de forma individual. A instrução coletiva só deve ser iniciada após o desbravador ter conseguido destreza na execução individual dos movimentos. As instruções devem ter um desenvolvimento gradual, começando pelas partes mais simples e atingindo progressivamente as mais difíceis. Os treinos devem ser frequentes, mas com duração de no máximo 30 minutos, para evitar cansaço e desgaste, que podem levar à repulsa pelo exercício e, consequentemente, pelo clube.
Valorização da Ordem Unida
Os quatro pilares básicos da Ordem Unida no Clube de Desbravadores são:
Moral: Pela determinação em atender aos comandos, superando muitas vezes até mesmo necessidades físicas, com honestidade e domínio próprio.
Disciplina: Pela presteza e atenção com que os desbravadores obedecem aos comandos.
Espírito de Unidade: Pela apresentação do grupo e uniformidade na prática dos exercícios de execução coletiva.
Eficiência: Pela exatidão nas execuções dos movimentos.
Práticas de Ensino e Instrução
Para que a Ordem Unida seja eficaz, é necessário que os instrutores sigam algumas práticas de ensino e instrução. Aqui estão algumas dicas práticas para instrutores de Ordem Unida:
Usar voz firme, porém respeitosa: A voz de comando deve ser clara e enérgica, mas sem ser rude ou autoritária.
Desenvolver um ambiente de amizade e cooperação: Os desbravadores devem sentir-se parte de uma equipe e cooperar uns com os outros.
Manter a atenção e concentração: A execução dos comandos depende da atenção e concentração dos desbravadores. No entanto, longos períodos de atenção rígida devem ser evitados, com intervalos para descanso.
Executar os comandos no instante exato: Os desbravadores devem executar os comandos no exato instante da entonação da sílaba tônica da palavra de ordem.
Evitar castigos físicos: O Clube de Desbravadores não aprova o uso de castigos físicos para desbravadores que errem na execução dos comandos.
Adaptar a instrução à idade e ao tamanho dos desbravadores: A diferença de idade e tamanho entre os desbravadores deve ser levada em consideração na formação dos grupos.
Manter um tom de voz alto e claro: Um tom de voz alto e claro alcança melhores resultados do que gritos.
Respeitar os desbravadores como voluntários: Os desbravadores são voluntários e devem ser tratados com respeito.
Criar um ambiente agradável: O instrutor deve manter um ambiente agradável, evitando brincadeiras e gracejos durante a execução dos comandos.
Ser um exemplo de execução: O instrutor deve ser o que melhor sabe executar os comandos e movimentos.
Focar nos detalhes: A Ordem Unida é feita de detalhes, e a atenção a esses detalhes é o que faz a diferença na execução.
Foco na Ordem Unida
Os manuais fornecem uma base sólida para a prática da Ordem Unida, adaptando as orientações do Exército Brasileiro para a realidade dos clubes de Desbravadores. Com uma instrução adequada e um foco nos detalhes, a Ordem Unida pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento dos jovens desbravadores.
Mais informações
Saiba mais sobre ordem unida em: Cantinho da Unidade e em Manual de Ordem Unida – Beto Pereira da Silva
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